Jamie Oliver: “A vida é muito curta para comer porcaria”

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Confira a entrevista exclusiva com o chef-celebridade que defende a criação de animais soltos, prega o uso de ingredientes locais e jura que gosta de brigadeiro.

Jamie Oliver, a maior celebridade da gastronomia atual, com 28 programas televisivos exibidos em mais de 100 nações, mais de 35 milhões de livros vendidos e um patrimônio estimado em 380 milhões de dólares recebeu a reportagem de VEJA SÃO PAULO para uma entrevista exclusiva. Confira abaixo os detalhes sobre seu mais novo desafio: um restaurante na capital paulista:

Por que inaugurar um Jamie’s Italian em São Paulo?
Meus sócios acreditam que a hora é agora e que São Paulo é o lugar perfeito. Quando falo de comida do Brasil e digo que só visitei o Rio de Janeiro, todos respondem: “Nããão, você tem de ir a São Paulo”.

Como escolheu a sociedade?
Fomos procurados por pelo menos seis grupos grandes de franquia. Mas optamos por sócios menores, que estavam mais alinhados com nossa filosofia saudável e a proposta de usar produtos sustentáveis, animais criados soltos, ingredientes sazonais, locais e frescos. É difícil trabalhar comigo, eu faço muitas exigências.

Qual é o conceito do restaurante?
Ele é o que é: tem uma boa atmosfera, é cheio de energia, trabalha com preço honesto e comida de qualidade. Não é para ser o melhor jantar da sua vida. Não estamos tentando ser algo que não somos. É honesto, gostoso, e você pode pagar.

O que você pensa das eleições para o melhor restaurante do mundo?
É sempre divertido fazer listas. Como a comida que faço é mais rústica, as pessoas pensam que vou odiar esse tipo de prêmio, mas não, acho incrível. Só que a realidade é: meus restaurantes nunca vão entrar nessa lista.

Por quê?
Não fazemos esse tipo de comida, não é minha praia. A minha praia é ter um restaurante cheio. Com o Jamie’s Italian, quisemos ocupar um mercado intermediário. Se as pessoas querem ter uma noite especial, elas podem jantar sem encarar esperas de cinco meses nem ir à falência. No Reino Unido, a maioria das pessoas pode frequentar a casa, e isso é excitante.

Os preços são os mesmos em todas as unidades?
Nós tentamos que sejam. No Brasil, o trabalho que tivemos para achar bons fornecedores que acreditam nos mesmos valores em que nós acreditamos nos levou a estabelecer preços possivelmente de 10% a 15% mais altos. Mas não será um restaurante caro.

Você se envolve em tudo que leva o seu nome?Eu tento. Isso significa que escolho a privada dos banheiros nos restaurantes? Sim. O papel dos livros? Sim. Os menus? Sim. Seria mais fácil se eu não fizesse isso, mas quando você pegar meus livros ou for aos restaurantes terá a sensação de que está tudo certo. Pelo menos, é o que espero.

Como é ser chef e celebridade ao mesmo tempo?
Pode ser uma coisa boa ou ruim, como tudo na vida. Se digo algo importante que vai parar em toda a imprensa, ótimo. Se, por qualquer motivo, não é algo incrível, é constrangedor. Em geral, tenho tido sorte com a mídia, não houve tantos desastres assim.

Os brasileiros ficaram sentidos com o vídeo divulgado no ano passado no qual você provou doces nacionais e falou mal do nosso brigadeiro.
Foi um mal-entendido, fiz uma piada com a minha equipe. Nunca deveria ter ido ao ar. Na verdade, eu gosto de brigadeiro! (Durante a entrevista de uma hora e quinze minutos, ele come quatro brigadeiros grandes e açucarados, enviados por uma brasileira radicada em Londres.)

Comer de maneira saudável é mais caro?
Em geral, a comida local, da época, é mais barata e nutritiva. Os fast-foods tentam convencer a população de que cozinhar é caro. Claro, cozinhar pode ser caro. Ainda assim, muitas pessoas ricas comem mal. Você não precisa de muito dinheiro para criar uma refeição, mas tem de saber cozinhar.

Qualquer um pode cozinhar?
Eu nunca encontrei ninguém que não pudesse. Vi crianças de 10 anos que sabiam cozinhar e pessoas com 60 que haviam acabado de descobrir que podiam assar frangos perfeitos, por exemplo. A vida é muito curta para comer porcaria. Se você sabe cozinhar, esse é um luxo nos dias de hoje. As melhores comidas que comi nunca foram de restaurantes caros.

Quando não está trabalhando, quais são seus passatempos?
Eu costumava ter hobbies, antes de ter quatro filhos. Provavelmente pareço esquisitão, sei disso, mas gosto de sentar em frente ao fogo e beber uísque, tequila ou cachaça — mas tem de ser das boas. Isso me deixa feliz.

Fonte: Veja São Paulo.

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