Duas engenheiras agrónomas e uma enóloga são responsáveis pela mais jovem marca de vinho Madeira no mercado, o Madeira Vintners
Duas engenheiras agrónomas e uma enóloga são responsáveis pela mais jovem marca de vinho Madeira no mercado, o Madeira Vintners, o único da região produzido exclusivamente por mulheres e já premiado a nível internacional.
A somar três anos, este vinho da Cooperativa Agrícola do Funchal (CAF) foi distinguido do Concurso Internacional “Vino y Mujer 2016”, que se realizou a 30 de março em Madrid, Espanha: na categoria de vinhos generosos ganhou o Prémio Diamante e na classe de meio doce recebeu uma menção honrosa.
As engenheiras agrónomas Micaela Martins e Cristina Nóbrega e a enóloga Lisandra Gonçalves, com idades entre 25 e 27 anos, são as ‘obreiras’ da marca, que assinala os 65 anos da CAF e teve já 10.000 garrafas a entrar no mercado, repartidas, em igual número, por vinho meio seco e meio doce.
“O Madeira Vintners tinha que apostar pela diferença e pela qualidade e uma das hipóteses que nós pensámos foi precisamente criar um vinho feito apenas por mulheres. Não há interferência de homens”, diz à agência Lusa o presidente da cooperativa, Coito Pita.
Essa exclusividade, explica o responsável, reflete-se no processo de produção: são as três mulheres que fazem a ligação entre a marca e os agricultores, dando-lhes sugestões quanto ao tratamento das uvas, quando devem ser apanhadas e que grau devem ter, entre outras questões.
São também elas que coordenam a apanha e o transporte da uva; a escolha da uva, que é feita manualmente, cacho a cacho; o envio para as cubas e barricas e o tratamento para vinho Madeira.
“É manifestamente uma equipa exclusivamente feminina que faz todo esse trabalho”, acentua Coito Pita. “Este vinho estagiou três anos e é de castas tinta negra e complexa, maioritariamente tinta negra e 20% de complexa”, comenta a engenheira Micaela Martins, formada no Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
A enóloga Lisandra Gonçalves, com experiência na Nova Zelândia e em França, acrescenta que o vinho “esteve a fermentar em cubas e em barricas e depois, a estufar, foi então feita a junção e obteve-se este vinho”. O objetivo, porém, é fazer vinhos de 5 e 10 anos e, um dia, um ‘vintage’. “Espero que, nessa altura, quando estiver velhinho, a Lisandra, a Micaela e a Cristina se lembrem de mim e me convidem para prová-lo”, comenta Coito Pita.
Aos homens só cabe, neste processo, o consumo do produto final.
“E termos o privilégio de saborear uma coisa que é feito por elas”, sublinha o responsável.
A CAF compra diretamente a uva aos agricultores, garantindo a absorção, a 40 viticultores, de 100 das cerca de quatro mil toneladas de uva produzidas anualmente na região.
A cooperativa foi fundada por agricultores em 1951 e, com várias delegações no arquipélago da Madeira, comercializa todo o tipo de alfaias, adubos e sementes.
Aproveitando apoios comunitários, ingressou, em 2012, na produção de vinho, tendo investido nesta atividade 1,6 milhões de euros, 937 mil dos quais vieram da União Europeia.
Fonte: Diario de Noticias Portugal