Diferença social afeta prevenção do Câncer de Mama

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Na batalha contra o câncer de mama, a realização de exames periódicos assume um papel crucial na conscientização e promoção de prevenção da doença. O diagnóstico precoce é o fator primordial para aumentar a taxa de sobrevida das mulheres que enfrentam a patologia, pois permite que tratamentos eficazes sejam iniciados o quanto antes. Além disso, a detecção rápida contribui para a redução dos custos de saúde associados ao tratamento avançado. Entre 30% e 50% dos cânceres podem ser prevenidos por meio da implementação de estratégias baseadas em evidências para a prevenção.

No entanto, na prática, observa-se que a consulta com especialistas não é tão disseminada quanto deveria ser, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. De acordo com a pesquisa Datafolha: O que as mulheres brasileiras sabem sobre o câncer de mama, atitudes e percepções sobre a doença, encomendada pela Gilead Sciences Brasil, sete em cada dez entrevistadas se consultaram com um ginecologista no período dos últimos 6 meses a 1 ano. O resultado demonstra que 85% das mulheres pertencentes às classes A/B realizaram consultas médicas. O número cai para 59% entre as entrevistadas pertencentes às classes D/E. Diante disso, os grupos mais vulneráveis se consideram até 7 vezes menos informados sobre o câncer de mama.

Os números evidenciam a desigualdade significativa em termos de informações disponíveis e acesso facilitado a exames preventivos para ambos os grupos. “É fundamental garantir que todas elas tenham igualdade de oportunidades no acesso à assistência médica. O estudo revela claramente como as barreiras ao acesso ao conhecimento sobre câncer afetam de maneira desproporcional diferentes populações, em especial as dos estados Norte e Centro-Oeste, pobres, com baixa escolaridade e negras”, destaca Flávia Andreghetto, Diretora Associada de Oncologia na Gilead Sciences.

O ACESSO À INFORMAÇÃO E A DESIGUALDADE NO CONHECIMENTO

A falta de equidade na informação sobre o câncer de mama se traduz em preocupantes disparidades na qualidade de vida das mulheres. Categorias que demonstram enfrentar desafios na obtenção de informações adequadas são pessoas das classes D/E (42%) e negras (35%).

Mamografias, exames clínicos e autoexamessão realizados por cerca de dois terços das entrevistadas quando incentivadas, entretanto, a distribuição revela desigualdade. A mamografia, por exemplo, é mais comum entre as com idades entre 40 e 59 anos, bem como entre aquelas pertencentes às classes A/B e com níveis mais elevados de escolaridade. “É importante disseminar conhecimento de maneiras diferentes e que atraiam a atenção, promovendo conversas abertas sobre o tema com pessoas de variadas origens. A realidade preocupante da detecção do câncer em estágios mais avançados pode ser minimizada por meio de estratégias assertivas que incentivem a busca por mamografias e por exames clínicos, entre outros”, enfatiza Flávia.

Segundo os resultados da pesquisa, apenas 49% das mulheres fazem a mamografia regularmente. Essa taxa varia significativamente de acordo com a divisão socioeconômica, com 60% das mulheres das classes A/B submetendo-se ao exame, em contraste com apenas 37% das classes D/E. Além disso, a disparidade educacional é evidente, com 62% das mulheres com nível superior realizando o exame regularmente, enquanto apenas 44% daquelas com ensino fundamental o fazem. Os motivos para a realização do exame são diversos: 20% das entrevistadas o fazem porque o médico recomendou, enquanto 16% o fazem devido à preocupação com a sensação de um caroço ou nódulo. No entanto, a pesquisa também revela que 42% das mulheres não fazem o exame regularmente por se considerarem jovens demais, enquanto 30% o deixam de fazer simplesmente porque o médico não solicitou.

Quando se trata de conhecimento sobre os diferentes tipos de tratamento, observa-se que apenas 38% das pessoas pertencentes à classe D/E com ensino fundamental consideram-se informadas, sendo que somente 25% estão cientes da radioterapia e 44% estão desinformadas quanto a essa opção. No contexto das mulheres de origem afrodescendente, constatou-se que 40% delas têm conhecimento sobre a quimioterapia, enquanto apenas 29% estão informadas sobre a radioterapia, e 39% ainda carecem de informações a esse respeito. 

METODOLOGIA DA PESQUISA DATAFOLHA

A pesquisa foi realizada por um grupo de mulheres com idades entre 25 e 65 anos, apresentando uma média de idade de 43 anos. O estudo envolveu entrevistadas de diversas classes sociais, com uma representação de 48% na classe C, 36% nas classes D/E, 15% na classe B e 2% na classe A. Também abrangeu pessoas do sexo feminino de diversas localidades, incluindo cidades grandes e pequenas, capitais e regiões do interior, com uma distribuição geográfica de 43% na região Sudeste, 26% no Nordeste, 16% na região Norte/Centro-Oeste e 14% na região Sul.

No total, foram realizadas 1.007 entrevistas em um estudo quantitativo conduzido entre 24 de novembro e 14 de dezembro de 2022. O questionário teve uma duração média de 18 minutos e os resultados apresentaram uma margem de erro de até 3%, com um nível de confiança de 95%.

 

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