A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o prazo de 3 de julho para as empresas se adequarem às novas normas para produtos alergênicos. Com essa mudança, os produtos alimentícios deverão informar no rótulo, antes da lista de ingredientes, a presença de substâncias que causem alergias.
A resolução foi estipulada no ano passado, com prazo de 12 meses para a mudança ser feira. Porém, as empresas encontraram muitas dificuldades em se adequarem às novas normas.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), as empresas mandaram formulários para os fornecedores com informações sobre a presença de produtos alergênicos. Também foi avaliado a possibilidade de contaminação cruzada, ou seja, quando o processo produtivo de um alimento pode deixar substâncias alergênicas.
“Neste caso deve ser implantado um programa de controle de alergênicos nas empresas, que é exigido pela ANVISA para a declaração de ingredientes provenientes de contaminação cruzada. Este programa de controle também deve ser exigido dos fornecedores de matérias primas que tenham contaminação cruzada de alergênicos”, disse a entidade, em entrevista para a FSN.
A Abimapi é a favor da nova regra, mas acredita que o prazo não foi suficiente para que as empresas se adequarem. Por isso, foi pedido um prazo maior para realizar as mudanças.
A justificativa para aumentar esse prazo seria que o tempo para fornecedores e indústrias é o mesmo. De acordo com a Abimapi, a principal dificuldade encontrada pelas empresas foi em reunir todas as informações, já que muitos fornecedores são de fora do Brasil, como países da Ásia.
Uma das empresas que tiveram essa dificuldade foi a Vilma Alimentos, localizada em Contagem (MG). Embora tenha tido algumas dificuldades, a empresa já se encontra adequada às mudanças estipuladas pela Anvisa.
De acordo com a Abimapi, 1% da população brasileira possui alergias e a mudança deve ajudar essas pessoas a encontrar os produtos certos para a alimentação.
Para Andrea Guerra Matias, professora de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pessoas com alergias devem excluir totalmente alimentos alergênicos da dieta. “A disponibilização aos consumidores de rotulagem adequada sobre a presença ou risco da presença de alérgicos nas embalagens de alimentos é uma das formas de se garantir o direito à saúde e o direito à alimentação adequada da população alérgica, garantindo o gerenciamento do risco de manifestações clínicas adversas”.
Matias explica que a alergia pode ser sentida não apenas na ingestão desses alimentos, mas por toque ou qualquer tipo de contato com o alergênico.
A nova legislação de recall para alimentos, desde 2015 em vigor, e pode ser uma das formas de tirar os produtos com rótulos incorretos. Esse foi um dos temas da Fispal Tecnologia, que aconteceu entre os dias 14 de 17 de junho.
A América do Norte teve uma experiência parecida com a nossa, sendo que 53% de todos os recolhimentos foi de produtos alergênicos. Nos Estados Unidos, no período de 2009 a 2013, 34% dos produtos recolhidos são alergênicos.
Fonte: Food Service News