Dietas Especiais – Doenças Cardiovasculares

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– Hipertensão arterial (HA)
– Insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
– Aterosclerose (ATC)

1. HIPERTENSÃO ARTERIAL

1.1 DEFINIÇÃO

É uma doença vascular, observada quando há um aumento das pressões sistólica (máxima) e diastólica (mínima), referentes respectivamente à contração e relaxamento do miocárdio.

– Pressão sistólica: força ou pressão do sangue ao chegar nas artérias;
– Pressão diastólica: resistência periférica das artérias ao receberem o volume sanguíneo.

Geralmente na hipertensão a pressão sistólica apresenta-se > 140mmHg e a diagnóstica > 90mmHg.

1.2 ETIOLOGIA

– Primária: causa desconhecida (90%);
– Secundária: conseqüência de outras como: hepáticas, renais, etc. (10%).

1.3 FATORES QUE FAVORECEM A HIPERTENSÃO

– Idade: é elevada a incidência principalmente a partir dos 60 anos;
– Raça: predisposição maior nos negros;
– Sobrepeso: o obeso tem elevado trabalho cardíaco (débito cardíaco) por atender um volume corporal maior do que foi preparado;
– Elevada ingestão de sal;
– Elevada ingestão de álcool;
– Sedentarismo;
– Hereditariedade: histórico da doença na família.

1.4 FISIOPATOLOGIA

A resistência periférica dos vasos sanguíneos determina um aumento das pressões sistólica e diastólica, gerando dificuldade ao transporte de sangue e ocasionando a hipertensão.

O contrário, ou seja, o aumento do diâmetro do vaso, diminui a resistência periférica e conseqüentemente a pressão sanguínea é reduzida.

Muitos sistemas mantêm o controle homeostático da pressão sanguínea, como o SNS (Sistema Nervoso Simpático), através da norepinefrina (vaso constritor) e os rins, que controlam o volume de fluido extracelular (vasos).

A hipertensão ocorre quando estes sistemas (nervoso, endócrino e excretor) desequilibram, acarretando vários sintomas como: cefaléia, tontura, fadiga, dores no peito (angina), taquicardia e dispnéia. Geralmente a hipertensão é devida ao incremento da resistência periférica, o que força o ventrículo esquerdo a aumentar o esforço do sangue bombeado. Com o tempo, há hipertrofia ventricular esquerda, o que geralmente contribui para a ocorrência de insuficiência cardíaca congestiva.

O SNC sofre frequentemente os efeitos da HA, sendo a manifestação mais grave o acidente vascular encefálico (AVE), devido à vaso contrição com falta de oxigenação (isquemia) e/ou hemorragia (derrame), o que, dependo da extensão, leva o individuo à incapacidade ou ao óbito.

1.5 TRATAMENTOS

– Medicamentoso: diurético e hipotensivos;
– Dietético

Objetivos da Dietoterapia:

– Tratar e ou evitar a obesidade
– Contribuir para a redução da pressão arterial

1.5.1 CARACTERÍSTICAS DA DIETA

– CALORIAS: adequadas para corrigir ou manter o peso ideal;

– PROTEÍNAS: 0,8 a 1,0g/kg PT/dia; evitar o consumo excessivo, prevenindo a ocorrência de nefropatias e complicações na hipertensão;

– LIPÍDEOS: ideal a proporção de 20 a 25%, com predominância de ácidos graxos insaturados (óleos, azeites vegetais, castanhas, etc.);

– POTÁSSIO (K): devido à terapia com diuréticos no controle da hipertensão, estes podem levar a uma maior excreção destes mineral pela urina. Sendo assim, a quantidade de K na dieta deve ser aumentada, através de um consumo maior de frutas e hortaliças cruas;

– SÓDIO (Na): o sódio apresenta funções fundamentais no organismo, principalmente aquelas relacionadas à manutenção da pressão osmótica. Sendo assim, o consumo excessivo do mesmo, leva a uma elevação da quantidade de líquidos no organismo, ocasionando uma sobrecarga cardíaca, o que contribui para manter a hipertensão. Desta forma, a quantidade de sódio na dieta do hipertenso deve ser reduzida (dieta hipossódica), com restrição leve, moderada ou severa de sódio, dependendo da gravidade do quadro. É necessário lembrar que as fontes alimentares de sódio são: sódio intrínseco (parte da composição dos alimentos) e sódio extrínseco (sal acrescentado no alimento). Os alimentos protéicos de origem animal são as maiores fontes de sódio intrínseco. O consumo diário numa dieta variada, é de aproximadamente 1000 a 2000mg de Na.

Quando a forma de preparo, os alimentos devem ser preparados sem sal; o acréscimo deve ser feito separado na hora da refeição. Além disso, deverão ser evitados todos os alimentos industrializados com sal.

1.5.2 ALIMENTOS PROIBIDOS

– Enlatados e conservas;
– Frios e embutidos;
– Molhos industrializados, maionese, catchup, mostarda, molho inglês, etc.;
– Sopas e caldos industrializados;
– Peixes e carnes salgadas;
– Salgadinhos, biscoitos e pães salgados.

1.5.3 RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES

– Não usar bircabonato de sódio (fermento químico) e glutamato monossódico;
– Ler rótulo de alimentos e medicamentos;
– Não usar saleiro à mesa;
– Medir o sal adicionado: 1g = uma colher de café rasa;
– Dar ênfase a temperos como alho, orégano, vinagre, limão, cebola, etc.

Observações:

O sódio pode ser quantificado em gramas, mg ou mEq (miliequivalente), nas seguintes relações:

O sal (NaCl), contem 40% de sódio, sendo assim:

– 1g de NaCl = 1000mg de NaCl = 400mg de Na
– 1mEq de Na = 23mg de Na, sendo 23 o número atômico do sódio.
Logo: 1g de NaCl = 400mg de Na = 17,4 mEq Na.

Tabela de oferta de NaCl de acordo com as restrições da dieta:

2. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC)

2.1 DEFINIÇÃO

Na doença cardíaca coronariana crônica, uma condição de insuficiência cardíaca congestiva pode se desenvolver com o passar do tempo. O miocárdio, cada vez mais enfraquecido, não é capaz de manter uma atividade cardíaca adequada de modo a sustentar uma circulação sanguínea normal. Os desequilíbrios resultantes do fluido causam edema, em especial edema pulmonar.

Essa é uma condição que acarreta problemas respiratórios (dispnéia), trazendo ainda mais estresse ao coração extenuado.

2.2 ETIOLOGIA

– Hipertensão arterial;
– Aterosclerose;
– Doenças Valvulares;
– Problemas no miocárdio.

2.3 FISIOPATOLOGIA

Devido à diminuição do suprimento de sangue aos tecidos, há uma menor capacidade funcional de todos os tecidos do organismo. Com a circulação insuficiente, os rins falham em remover a água, eletrólitos e resíduos do organismo. Desta forma os rins retêm sódio e água provocando um aumento do volume de líquidos do organismo, sobrecarregando ainda mais o miocárdio. Com isso ocorrerá um extravasamento de líquido para fora dos vasos, para os tecidos, levando a edema.

O acúmulo excessivo de sangue nos pulmões causa o edema pulmonar que pode levar o paciente ao óbito.

2.4 SINTOMATOLOGIA

– Fraqueza;
– Dispnéia (dificuldade para respirar) e casaco, mesmo em repouso;
– Edema periférico e pulmonar.

2.5 TRATAMENTO

O tratamento clínico envolve repouso e medicamentos específicos, exigindo também um acompanhamento dietoterápico.

2.5.1 DIETOTERAPIA

Objetivos:

– Manter ou corrigir o estado nutricional;
– Controle do edema e equilíbrio hídrico.

Características da Dieta:

– CALORIAS: devem ser reduzidas para que diminua a obesidade e reduza o trabalho cardíaco, de modo a serem atendidas as demandas circulatórias para a digestão e absorção. Pacientes subnutridos com ICC requerem um aumento de 30 a 50% acima do nível basal; pacientes com caquexia podem necessitar de aumentos maiores, 60 a 80%, sobre a energia basal.

– GLICÍDIOS: modificados pela cocção, facilitando o processo digestivo devido a redução do trabalho cardíaco.

– PROTEÍNAS: aproximadamente 0,8 a 1,0g/kg de peso teórico.

– LIPÍDEOS: normal, com ênfase àquelas mono e poliinsaturados (lipídeos de origem vegetal).

– SÓDIO E LÍQUIDOS: o sódio deve ser limitado de 500 a 1000mg/dia (½ a 1 colher de café rasa). Há restrição do líquido individual conforme a necessidade, para auxiliar a diminuir a retenção de fluido; as quantidades dependem da gravidade da ICC e do acúmulo de fluido nos tecidos.

– VITAMINAS E MINERAIS: na ICC, o paciente deve receber a recomendação total para as vitaminas e minerais, com atenção especial a qualquer interação droga / nutriente capaz de causar perdas. Deve ocorrer, por exemplo, reposição de potássio quando são utilizados diuréticos, além de poder haver necessidade de adição de B6 (piroxina) quando for utilizado o vasodilatador hidralazina, droga que aglutina a vitamina B6, além de aumentar sua excreção.

– TEXTURA DOS ALIMENTOS: branda, exigindo pouco esforço físico para serem ingeridos e digeridos, oferecidos em pequenas porções e ingeridos lentamente.

3. ATEROSCLEROSE (ATC) é uma defamação da artéria, mal funcionamento das artérias.

3.1 DEFINIÇÃO

Aterosclerose é uma forma de arteriosclerose, causada pelo espessamento da parede interna das artérias, através do acúmulo de lipídeos, principalmente colesterol, combinados com o tecido conjuntivo e calcificação. Estes depósitos acumulados nas artérias, denominam- se ateromas.

O ateroma endurece progressivamente, estreitando o lúmen da artéria, diminuindo sua elasticidade, prejudicando o fluxo sangüíneo para os órgãos e tecidos, causando infarto, AVE, aneurisma e gangrena.

3.2 ETIOLOGIA

– Hereditariedade: histórico da doença na família;

– Obesidade: excesso de lipídeos circulantes;

– Hábitos alimentares: consumo excessivo de gorduras;

– HA enfraquece a parede das artérias, levando a lesão e invasão de colesterol e outros componentes;

– Fumo: favorece o início da progressão do ATC, pois aumenta os níveis de colesterol de muito baixa densidade (VLDL), intermediário da LDL;

– Diabetes: devido à presença simultânea de outros fatores, tais como aumento de lipídeos circulantes, hipertensão, obesidade.

3.3 DIETOTERAPIA

– CALORIAS: Hipocalórica nos casos de obesidade;

– PROTEÍNAS: normal;

– HIDRATOS DE CARBONO: Nos casos de obesidade e nas dislipidemias evitar HCs simples, principalmente na trigliceridemia, pois os HCs simples aumentam os triglicérides circulantes.

– LÍPÍDEOS: Normal, ideal entre 20 a 25%. Recomenda-se 10% de ácidos graxos saturados, máximo 1/3 da dieta, optando-se sempre por lipídeos mono e poliinsaturados. Máximo de 300mg de colesterol por dia;

Teor de Colesterol nos Alimentos (por porção):

– Baixo: inferior a 50mg;
– Médio: 50 a 200mg
– Alto: Superior a 200mg

Alguns Alimentos Ricos em Colesterol (em mg/100g):

– Miolo: 200
– Gema de ovo: 1.500
– Ovo inteiro: 504
– Ovas de peixe: 300
– Fígado: 300
– Manteiga: 250
– Creme de leite: 150
– Coração: 150
– Camarão: 150
– Lagosta: 150
– Caranguejo: 125
– Salsicha: 120

– SÓDIO: Restrição na HÁ. Consumir com moderação, máximo 6g de sal por dia.

– ALIMETAÇÃO: Evitar consumir alimentos ricos em colesterol, lipídeos e principalmente ácidos graxos (AG) saturados, como os relacionados abaixo:

– Carnes gorduras (porcos, boi, pato, carneiro);
– Frango com pele;
– Vísceras: miolo, fígado, coração;
– Pescados: camarão, lagosta, caranguejo;
– Embutidos: salsicha, lingüiça, etc.;
– Peixes: sardinha, cavalinha, tainha;
– Bacon, banha, manteiga;
– Óleos de coco, dendê, amendoim;
– Torresmo, ovas de peixe;
– Creme de leite, chantili;
– Abacate, doces e sorvetes cremosos;
– Pães doces com recheio, sonho, croissant, biscoito amanteigados, massa folhada, frituras;

Dar preferência aos desnatados e light;

– Leite, iogurte, queijos;
– Margarinas;
– Maioneses;

Ácidos graxos (AG):

– Componente da molécula de triglicerídeos ou triacil-gliceril;
– São de cadeia saturada (ligações simples) ou insaturada (ligações duplas e triplas), sendo que as insaturadas podem ser monossaturadas (1 ligação dupla ou tripla apenas) ou poliinssaturadas (mais de uma dupla ou tripla ligação).

Fontes de AGs:

– Saturados: alimentos de origem animal, óleo de dendê, óleo de coco, etc.;
– Poliinsaturados: óleos de origem vegetal, como óleo de soja e de girassol;
– Monoinsaturados: azeites de oliva

Colesterol:

– Compõe as membranas celulares;
– Tipo de lipídeo indispensável ao organismo para produção de sais biliares, hormônios, precursor da vitamina D, etc. Sem colesterol não ocorre renovação celular;
– Origem: endógena (produzindo no fígado) ou exógena (fornecido pela alimentação);
– Principal componente do ateroma;
– Transportado pelas lipoproteínas;

Lipoproteínas

São substâncias hidrossolúveis, compostas por uma fração protéica e uma fração lipídica, cuja função é o transporte de substâncias na circulação.

Principais Lipoproteínas:

– HDL (high density lipoprotein), cuja função é transportar o colesterol dos tecidos periféricos para o fígado, removendo o excesso.

– LDL (low density lipoprotein), função de transportar o colesterol do fígado para os tecidos.

A produção de HDL ou LDL no organismo é influenciada pelo consumo de AG saturados (aumentam o LDL) ; MONO E POLIINSATURADOS (diminuem o LDL e aumentam o HDL)
Dislipidemias:

São alterações nos níveis sanguíneos de lipídeos e colesterol. As principais são hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia.

Fonte: CozinhaNet

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