Investir em franquia de alimentação tem como primeiro requisito afinidade com o segmento e a marca.
Fonte: www,mercadogastronomico.com.br
Para Delfino Golfeto e Felipe Paoletti, respectivamente franqueadores da Água Doce Cachaçaria e da Espetíssimo, é importante analisar histórico da marca e conversar com franqueados para conhecer sua satisfação
Perfil empreendedor e dinâmico, afinidade com o segmento e a marca, bem como análise de mercado e dedicação pessoal são requisitos essenciais para tornar-se investidor de uma franquia de alimentação. Delfino Golfeto, presidente da Água Doce Cachaçaria – rede com mais de 100 restaurantes que oferecem delícias da culinária nacional em 11 estados e no Distrito Federal – e Felipe Paoletti, franqueador da Espetíssimo – franquia de espetinhos prontos em diversos sabores, com sete unidades em operação no Estado de São Paulo – avaliam todos os aspectos do candidato a franqueado.
O setor de alimentação é subdividido em diversos segmentos, entre os quais a culinária de determinado país ou região, sanduíches, pizzas, pratos prontos ou por quilo, bares e restaurantes, instalados em quiosques e lojas – seja nas ruas, supermercados ou shoppings. Na hora de escolher a marca e o segmento, o requisito básico é a afinidade com o negócio. “A primeira coisa é gostar e a segunda, entender. Em um grupo de investidores, é preciso que pelo menos um deles tenha experiência em gestão e administração contábil, compras e estoques, bem como disposição para organizar esses aspectos”, ressalta Golfeto.
No caso da Água Doce Cachaçaria, que pertence ao grupo de bares, restaurantes e similares, o empresário vê também como fundamental o “gosto pela noite”. “Os horários para atuar na rede são diferenciados, basicamente noturnos e fins de semana. Em geral é o momento de descontração e lazer das pessoas. O ideal é que o franqueado possa se dedicar integralmente e, no caso de ter mais de uma franquia, contar com profissionais de inteira confiança, tendo o cuidado de controlar e supervisionar seu trabalho”, comenta.
Para Golfeto, escolher a marca é o “mais fácil”. O empresário sugere que, na busca, o investidor vá analisando e eliminando marcas a partir de pesquisa de mercado – saturação, por exemplo – e do gosto pessoal. Entre as franquias restantes, recomenda que se pesquise o histórico da franquia, seu renome, tradição, número de unidades e profissionalismo. “Cadastro, premiação e selos de excelência concedidos pela ABF ou institutos de análise de mercado, também são fatores importantes. Visitar as lojas pesquisando pessoalmente a satisfação dos franqueados é outro requisito essencial”, destaca.
A partir daí, Golfeto orienta o candidato a franqueado a analisar o novo negócio sob o aspecto financeiro, tanto de investimento quanto de lucro, além do suporte oferecido pela franquia. “É preciso saber se os valores ‘cabem no bolso’ e ter consciência de que hoje, no nosso ramo, a margem de lucro máxima é de 20%, dadas as exigências tributárias e a novas regras, como as leis seca e antifumo, que restringiram o movimento e modificaram os hábitos em muitos locais. Quanto ao suporte, novamente recomendo apurar a exatidão das informações transmitidas, a partir de pesquisa entre franqueados”, adverte.
Mesmo com essas observações, Delfino Golfeto só vê vantagens em investir em franquias de alimentação. “Pesquisas comprovam que a mortalidade entre empresas baseadas em franquias é muito mais baixa do que aquelas que nascem desapegadas de projetos e marcas já enraizadas. O franqueador tem know-how e experiência em transpor barreiras e dificuldades”, afirma.
Você gosta do produto?
Felipe Paoletti, franqueador da Espetíssimo, evoca a necessidade de “gostar do produto”. Dentre os segmentos da área de alimentação, ele exemplifica com a realidade de cafeterias, churrasco, doces e pratos. “O investidor deve analisar o próprio perfil e gosto pessoal. Deve se perguntar se ele mesmo consumiria tal produto, por que e com que frequência”, orienta.
Avaliar a concorrência no ramo é outro fator que Paoletti vê como determinante. “Analisar o mercado, seus concorrentes, vantagens e desvantagens é essencial. A internet ajuda muito nessa tarefa, mas é preciso ir a campo, visitando lojas, entrevistando proprietários e funcionários”, observa.
Para um pequeno negócio, como é o caso da Espetíssimo, que exige baixos valores de investimento, Paoletti admite maior facilidade de “pulverizar” recursos entre várias unidades. “O retorno depende muito do ponto e é bastante variável, de acordo com o movimento local. Por isso, é possível lucrar mais ou menos em mais de uma franquia, inclusive pela variação de horários de funcionamento.”
Antes de assinar um contrato de franquia, é fundamental conversar com franqueados que operam na rede, para checar a exatidão das informações transmitidas pelo franqueador. “Isso vale, inclusive, para certificar-se no que se refere ao exercício do negócio sob os aspectos formal, de higiene, qualidade e segurança alimentar.”, adverte.
De acordo com Paoletti, o setor de alimentação é o mais estável e menos vulnerável a épocas de crise. “A longo prazo, todos os segmentos dessa área só tendem a crescer, pois a alimentação fora de casa é cada vez mais comum. E ninguém come sempre a mesma coisa, daí a gama de segmentos oferecida ser de grande valia. Ou seja, tem mercado para todos”, opina.
Para o empresário, iniciar um negócio na área também exige consciência do investidor quanto aos horários de trabalho, muitas vezes com jornadas prolongadas e estendidas, principalmente em pontos como supermercados e shoppings. Para quem não tiver disponibilidade integral, assim como já citou Golfetto, sugere a contratação de pessoas experientes e de confiança para conduzir as operações do negócio.
Dicas para quem quer investir numa franquia de alimentação segundo os franqueadores:
Identificar-se com o segmento, a marca e o produto;
Gostar e ter habilidade em lidar com pessoas – sejam clientes, fornecedores ou funcionários;
Analisar diversas marcas sob o ponto de vista de mercado e afinidade;
Pesquisar histórico, tradição e solidez, junto à ABF e revistas de negócios;
Visitar unidades, conversando com franqueados e funcionários, para avaliar grau de satisfação;
Analisar suporte oferecido e benefícios, inclusive em relação ao ponto. Checar esses itens entrevistando franqueados também é essencial;
Exercer atividade nessa área exige estar em linha com toda a legislação referente a higiene, qualidade e segurança alimentar;
Ter consciência de que muitas vezes trabalhará nos horários tradicionalmente de lazer das pessoas;
Buscar conhecimentos na área de gestão e dedicar o maior tempo possível à administração / supervisão do negócio;
Dispor de valores superiores aos exigidos para o investimento, tendo consciência do prazo de retorno e de eventual margem de lucro baixa, principalmente no início.