Os bons hábitos devem incutir-se na mais tenra idade. O do consumo de peixe é um deles, mas nem sempre é fácil convencer as crianças, quando, à mesa, são os próprios adultos que se queixam de uma refeição de peixe cozido com legumes.
Fonte: Site Médicos de Portugal
É conhecida a aversão que os mais pequenos têm ao peixe. Basta uma pele ou uma espinha, por muito pequenas que sejam, para os pequenos já não querem comer. E, às vezes é difícil convencê-los do contrário, quando, à mesa, são os próprios adultos a torcer o nariz.
É preciso ser criativo e variar na ementa quando é “dia de peixe”. Há que inventar mil e uma maneiras para que a refeição de peixe seja bem aceite pelos mais pequenos, pois o peixe é um importante contributo para a saúde e para o crescimento e desenvolvimento das crianças. O peixe é uma fonte de proteína muito saudável, de elevado valor biológico. Duas porções de 150 gramas fornecem a quantidade de proteínas suficientes para as necessidades diárias de um adulto saudável.
É também um alimento rico em vitamina, particularmente vitamina D, essencial ao crescimento, e fornece ao organismo minerais como o iodo, o fósforo e o selénio, entre outros.
E importante é o seu conteúdo em ácidos gordos ómega-3 – ácido gordo eicosapentanóico (EPA) e ácido gordo docosahexanóico (DHA) – cujos benefícios são conhecidos a nível cardio-vascular, com redução do risco de enfarte, diminui o nível de triglicéridos e contribui, de forma ligeira, para a redução dos valores da pressão arterial.
Mas este é apenas um dos seus benefícios. Um estudo efectuado nos Estados Unidos veio, uma vez mais, reforçar a ideia de que o peixe é dos alimentos mais saudáveis, o que leva a concluir que o seu consumo deve ser estimulado logo de pequenino.
Gorduras não saturadas
De inúmeros benefícios, o peixe é um alimento rico em gorduras poli-insaturadas, o que faz dele o ingrediente perfeito de uma alimentação saudável.
Mesmo os peixes mais gordos, como a sardinha que os portugueses consomem em abundância, agora que chegou o Verão, são benéficos, pois como fonte de gorduras polinsaturadas, têm um papel reconhecido na prevenção das doenças cardiovasculares.
Um estudo efectuado nos Estados Unidos, envolvendo apenas mulheres, mostrou que comer peixe, mesmo em pequenas quantidades, pode reduzir de maneira significativa o risco de enfarte do miocárdio. Foram investigadas 80 mil mulheres e provou-se uma redução de 48 por cento do risco nas que comiam peixe duas ou mais vezes por semana.
Estes resultados foram relacionados com o facto de o peixe ser um alimento rico em ácidos do tipo Ómega 3, responsáveis pela redução do nível de gordura no sangue e com um papel relevante na prevenção da formação de coágulos. A sardinha, de que os portugueses tanto gostam, é um dos mais ricos neste ácido. Mas não só, também a cavala, o arenque, o salmão, o atum e a enguia, entre outros, possuem elevadas quantidades deste ácido tão importante na prevenção das doenças cardiovasculares.
Vários estudos concluíram já que nos indivíduos que sofreram enfarte de miocárdio a ingestão regular de peixe pode mesmo reduzir o risco de morte.
Outro grupo no qual o consumo de peixe altamente indicado são as grávidas, por fornecer DHA – ácido docosahexaenóico – importante na edificação dos tecidos do sistema neurológico.
Todavia, para optimizar todos os benefícios do peixe, é preciso respeitar algumas regras na sua confecção.
Assim, saiba que a fritura é desaconselhável na medida em que anula o seu conteúdo de gorduras. Ainda assim, a gordura de um peixe frito é três a cinco vezes menor do que a da carne guisada, por exemplo.
Quando optar por cozer ou grelhar o peixe, tenha atenção à quantidade de sal que usa: evite-o, sob pena de perder uma das vantagens da ingestão dos ácidos Ómega 3 – a baixa da tensão arterial.
Em relação ao peixe cozido, por exemplo, basta temperá-lo apenas com um fio de azeite virgem, gordura natural e tradicional em Portugal que valoriza o sabor do peixe e tem benefícios comprovados na baixa dos níveis de colesterol. Prefira-o ao molho de manteiga, porque se trata de uma gordura saturada, que promove a aterosclerose.
Bom mesmo é que coza o peixe a vapor, porque, quando cozido mergulhado em líquido, perde 50 por cento do seu conteúdo mineral. Mas, seja qual for a forma, o importante é comer peixe, pelo material proteico que proporciona ao organismo em quantidade e qualidade.
Um mito
Do peixe diz-se que “não puxa carroça” mas, na verdade, este é mais um dos mitos associados ao consumo de peixe. E de mito em mito, acabamos por cometer erros alimentares. Mas o mito tem algum fundamento: após uma refeição de peixe, a sensação de “fome” aparece mais cedo, o que nos leva muitas vezes a querer “enriquecê-la” com um ovo cozido. Este é um dos erros mais comuns, pois, com este “complemento”, estamos a ingerir, de uma só vez, toda a nossa “dose” diária de colesterol.
A verdade é que a sensação de “fome” resulta do facto de o peixe ser um alimento que se digere facilmente. Para resolver a questão, os nutricionistas recomendam o recurso aos vegetais e leguminosas, em vez do ovo cozido. Feijão, grão, lentilhas e ervilhas têm uma digestão mais lenta e adiam, desta forma, o impulso de voltar a comer.