Profissionais sofrem com etarismo cada vez mais cedo

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O aumento da expectativa de vida no Brasil impacta diretamente no envelhecimento da população economicamente ativa que, consequentemente, busca se manter empregada. busca se manter empregada. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), estima-se que em 2100 os mais jovens representarão, aproximadamente 13% da população, ao passo que os idosos, cerca de 30%. Porém, no mercado de trabalho, a consequência do encontro de gerações é o crescimento do preconceito etário, termo se refere a discriminação e o preconceito em relação à idade.

Mesmo que nos últimos anos o debate sobre diversidade e inclusão tenha ganhado destaque em diversas esferas da sociedade, o etarismo ainda persiste e afeta o ambiente profissional. E não está mais restrito a quem tem 40 anos ou mais: um levantamento realizado pela Vagas.com, Colettivo e Talento Sênior mostra que, do total de profissionais que já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho em função da idade, 24% têm entre 30 e 39 anos. No entanto, segundo o levantamento feito com 6.200 candidatos, profissionais na faixa de 40 a 49 anos continuam sendo os que mais sofrem, somando 56%, enquanto a parcela de 50 a 59 anos representa 18%. 

“O etarismo infelizmente prejudica não só os trabalhadores, mas também as empresas. Afinal, competências como proatividade, curiosidade e relacionamento interpessoal não dependem de idade, e sim, do perfil de cada pessoa”, lembra Charles Betito, especialista em treinamento de lideranças e promoção de saúde mental no trabalho. “Nesse contexto, predomina a percepção de que a idade avançada enfraquece as capacidades intelectuais e físicas. O resultado é disparidades salariais e a dificuldade de se recolocar na carreira”, aponta, ressaltando que a perpetuação do preconceito etário pode ser altamente prejudicial para uma sociedade que envelhece a cada dia. 

O apontamento de Betito é endossado pela American Psychological Association, que sugere que o preconceito de idade é uma questão séria e deve ser tratada da mesma forma que a discriminação baseada em gênero, etnia ou orientação sexual, por exemplo. A organização aponta em sua resolução sobre preconceito de idade, a necessidade de aumentar a consciência pública sobre os problemas que o preconceito de idade cria. O documento ressalta que à medida que a população de idosos continua a aumentar, encontrar maneiras de minimizar o etarismo é cada vez mais importante.

O Brasil faz parte dos países que estão de olho nos impactos do envelhecimento populacional: até 2030, o número de pessoas com mais de 60 anos ultrapassará o total de crianças de zero a 14 anos. Esse é um cálculo do Ministério da Saúde, que traz demandas práticas. Com o aumento da parcela de idosos, o país precisará, por exemplo, se preparar em setores do atendimento hospitalar, do cuidado em casa e também do mercado de trabalho. Por isso, Betito lembra que cabe às empresas colocar em prática agora estratégias que garantam diversidade etária no futuro.

Para melhorar os números, as empresas precisam de programas de inclusão para esses profissionais, afirma o especialista. Entre as práticas mais indicadas por ele, estão abrir vagas exclusivas para profissionais maduros, eliminar atitudes etaristas desde a seleção, criar novos modelos de contrato e rotina de trabalho, promover ações educativas individuais e coletivas sobre o envelhecimento, estimular a convivência intergeracional e capacitar gestores e equipes para que não haja exclusão de currículos apenas com base na idade ou no tempo de experiência. 

“É importante analisar os pontos fortes e fracos de cada geração e combinar as diferenças de forma estratégica para realizar a melhor distribuição de tarefas. Isso vai manter os colaboradores engajados e a produtividade em dia”. Betito finaliza reforçando também a necessidade de estimular a convivência através de treinamentos coletivos e eventos de capacitação e até momentos de descontração.

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