Em 2022, consumidores norte-americanos relataram ao FTC (Federal Trade Commission) terem perdido quase US$ 8,8 bilhões em fraudes – um aumento de mais de 30% em relação ao ano anterior. A categoria mais agressiva foi a de golpes de investimento, com mais de US$ 3,8 bilhões em prejuízos. O segundo tipo de golpe com maior valor de perda se refere a compras online, com perdas de US$ 2,6 bilhões em transações fraudulentas a partir de documentos falsos de identidade.
No ano passado, mais de 2,4 milhões de norte-americanos relataram à FTC terem sido vítimas de fraudes. Agência independente do governo dos Estados Unidos, a FTC visa proteger os consumidores de práticas comerciais predatórias ou enganosas. Os cinco tipos de golpe mais comuns registrados foram: golpes de impostores (pessoas se fazendo passar por outras para obter todo tipo de vantagem indevida); golpes de compras online; golpes relacionados a premiações, sorteios e loterias; golpes relacionados a investimentos; e oportunidades de negócios e empregos.
As fintechs, ou bancos digitais, embora façam parte de um dos segmentos que mais investem em tecnologia avançada para prevenção de fraudes, continuam sendo alvo de impostores internacionais. Fazendo uso de dados roubados e autenticados como úteis, eles conseguem depositar e movimentar recursos provenientes de golpes de engenharia social – podendo fazer saques em qualquer parte do mundo depois de converter tudo em criptomoedas.
No Brasil, matéria divulgada pelo Instituto Propague mostra que, entre 2020 e 2022, os serviços financeiros foram os mais afetados por fraudes, seguidos pelos segmentos de energia, saúde e tecnologia, mídia e telecomunicações. Ainda sobre os serviços financeiros, 44% das fraudes tiveram origem em golpes dados por consumidores, 38% por meio de crimes cibernéticos e 29% nos processos de KYC (sigla em inglês para “conheça o seu cliente”). O texto aponta que 20% das contas criadas nos bancos digitais são passíveis de fraudes em relação à identidade.
De acordo com Guilherme Terrengui, head de novos negócios da Sumsub na América Latina e Ibéria – plataforma de verificação de ciclo completo –, as fintechs devem cumprir as leis PLD (prevenção à lavagem de dinheiro) e de combate ao financiamento do terrorismo, por serem comparáveis às empresas financeiras tradicionais, mas usarem novos processos tecnológicos.
“Além de fornecer funções empresariais automatizadas de mid e back-office, as fintechs utilizam tecnologias de ponta para esses fins”, diz o executivo, ressaltando o uso de algoritmos, big data, inteligência artificial, aprendizado de máquina, análise de links para compensação, liquidação e outras intermediações de atacado para itens como títulos, derivativos, finanças de atacado e pagamentos, bem como atividades de conformidade regulatória.
Terrengui diz que ainda não há regulamentos específicos que regem o segmento de fintech. Entretanto, essas empresas que fornecem serviços financeiros baseados em tecnologia devem cumprir as mesmas leis que quaisquer outras empresas que oferecem serviços semelhantes. “Vale dizer que determinados países contam com regimes regulatórios que devem ser conhecidos e seguidos integralmente”.
O executivo indica um Guia desenvolvido especificamente para mostrar como evitar fraudes no segmento de fintechs. “As soluções de KYC/PLD, bem como o monitoramento de transações, estão mudando o setor continuamente, exigindo que se tenha acesso aos insights mais recentes sobre regulamentos das fintechs que estão gerando receita, conformidade regulatória global para que se possa atingir o sucesso das operações com maior lisura, as melhores práticas de verificação e toda inovação que vem sendo empregada para mitigar riscos e evitar grandes perdas financeiras”.
Segundo Terrengui, esse tipo de material – gratuito e de fácil acesso – é útil porque as estruturas regulatórias incentivam as fintechs a inovar em ambientes em rápida transformação. As próprias leis regulatórias podem fortalecer os modelos de negócios, além de incentivar as empresas a atender e superar os padrões globais esperados. Para atingir esses altos padrões, o especialista diz que é essencial que as fintechs possam contar com uma plataforma de verificação de ciclo completo.
“A partir de estatísticas internas, numa base de clientes superior a 2.000 instituições, conseguimos detectar que 70% das tentativas de fraude ocorrem após o estágio de identificação do cliente (KYC), indicando a necessidade urgente de adaptação e prevenção, já que isoladamente as verificações KYC não se mostram mais suficientes”, diz Terrengui.
Mais informações: https://sumsub.com/files/ultimate_kyc_aml_and_fraud_prevention_guide_for_fintechs.pdf