Investir em uma franquia pode ser a alternativa para empreendedores que buscam abrir um negócio próprio.
No entanto, especialistas no setor dizem que, antes de colocar dinheiro em uma determinada marca, é preciso esclarecer uma série de dúvidas com o franqueador.
O UOL falou com o diretor de relações internacionais da ABF (Associação Brasileira de Franchising), André Friedheim, e com os consultores Marcus Rizzo, da Rizzo Franchise, e Ana Vecchi, da Vecchi Ancona, e listou dez perguntas que o empreendedor precisa se fazer antes de abrir uma franquia, independente da marca ou do setor que escolher.
1. Qual é o investimento total necessário para a abertura do negócio?
Segundo Vecchi, o empreendedor deve questionar sobre todos os custos para a abertura da franquia, desde ponto comercial, equipamentos, instalações, estoque, despesas operacionais, taxa de franquia e capital de giro. “Qualquer valor a mais pode impactar no retorno do investimento, isso quando não inviabiliza a instalação do negócio”, diz.
De acordo com Rizzo, o dinheiro para investir deve estar em mãos. “Não acredite que você vai conseguir [dinheiro] depois e se não tiver, passará a dívida para familiares e amigos. Bancos, só em casos excepcionais e nem pense em começar o negócio endividado”, afirma.
2. Qual é o faturamento médio mensal e a margem de lucro líquido do franqueado?
Vecchi diz que o empreendedor deve perguntar sobre o faturamento médio mensal que a franquia oferece e qual a margem de lucro líquido do negócio. Com isso, de acordo com ele, dá pra avaliar a rentabilidade da franquia. Segundo a ABF, o lucro varia de 10% a 15% sobre o faturamento.
Acima disto, o candidato deve perguntar ao franqueador por que a margem dele é maior do que a média do mercado.
3. Qual é a duração do contrato e as regras para renovação?
De acordo com Vecchi, o contrato firmado entre franquia e franqueado é renovado a cada cinco anos. Dentro deste prazo, o empreendedor deve recuperar o investimento e ainda ganhar dinheiro. É preciso checar, também, como será feita a renovação. “Há redes que cobram todas as taxas de abertura novamente, outras que dão descontos e, ainda, aquelas que não cobram nada.”
Segundo o especialista, apesar de a renovação ser estabelecida em contrato, dificilmente uma franquia retoma a unidade de um franqueado. “São poucos os casos. Isso ocorre somente quando a unidade não consegue o resultado esperado pela rede.”
4. Em quanto tempo é possível recuperar o investimento inicial?
A ABF trabalha com o prazo de retorno de 18 a 24 meses para microfranquias, que exigem baixo investimento, e de 36 meses para franquias que necessitam de investimento maior. “No entanto, o candidato deve ter ciência de que toda operação oferece riscos e que a dedicação dele ao negócio pode trazer um retorno mais rápido”, diz Friedheim.
5. Qual é o perfil desejado para o franqueado?
Em geral, as franquias procuram pessoas que tenham afinidade com o ramo de atuação e disposição para comandar a unidade. No entanto, Rizzo diz que é preciso que o empreendedor faça uma autoanálise de suas competências.
“Pense que pelos próximos cinco anos você deverá estar presente na empresa todos os dias. Pior que um emprego ruim é um negócio com o qual você não se identifica”, afirma.
6. Qual é o suporte oferecido pela rede?
Segundo Friedheim, o empreendedor deve perguntar como o conhecimento do franqueador será repassado a ele. O diretor de relações internacionais da ABF diz que é importante saber quais manuais serão entregues ao franqueado, como a matriz acompanhará as metas da unidade e como atuará para auxiliar na solução de eventuais problemas operacionais.
7. Qual é o tempo de treinamento do franqueado?
Dependendo da complexidade do negócio, o tempo mínimo de treinamento é de 30 dias, segundo Vecchi. Para quem nunca teve experiência em um negócio similar ao da franquia, menos do que isso não é suficiente para aprender todos os processos de operação e de gestão do negócio, tampouco dá condições ao franqueado de treinar e desenvolver sua equipe.
8. Quais são as características do ponto comercial ideal?
O ponto comercial é um dos principais fatores de sucesso de uma franquia, de acordo com Friedheim. Segundo ele, deve-se avaliar se na cidade ou região de interesse existem locais que cumpram os requisitos estabelecidos pelo franqueador, como fluxo de pessoas, perfil do público, renda etc.
Além disso, é preciso checar se há exclusividade de território e de quem é a preferência para abertura de uma segunda unidade na mesma região.
9. Os outros franqueados da rede estão satisfeitos?
Segundo Friedheim, franqueados satisfeitos ou com mais de uma unidade da rede são bons indicadores do sucesso da franquia. No entanto, descontentamento ou alto número de fechamento de unidades são maus sinais.
“Antes de tomar qualquer decisão, converse com os franqueados atuais e também com aqueles que fecharam as portas do negócio”, diz. Por lei, a franquia é obrigada a entregar uma lista com nome, telefone e endereço desses franqueados.
10. Há quanto tempo a franquia está no mercado?
Quanto mais tempo a franquia tem de mercado, menor o risco do investimento, segundo Rizzo. O consultor diz, ainda, que uma rede leva três anos para atingir a maturidade. “Com esse tempo, é possível testar o modelo de negócio, sua atuação no mercado e como enfrenta períodos de alta e de baixa no consumo.”