“Nós temos uma gastronomia maravilhosa, simples, rápida e cheia de sabores que surpreendem”.
Fonte: Olhar Direto
Peculiar, simples e rica, muito rica. Assim a chef Edna Lara define a gastronomia cuiabana, assunto do qual entende na teoria e na prática. Nos quintais da capital de Mato Grosso a chef aprendeu a cozinhar e, hoje, formada em gastronomia, tenta manter vivos os hábitos culinários daqueles tempos. “Nós temos uma gastronomia maravilhosa, simples, rápida e cheia de sabores que surpreendem”, elogia.
Talvez por razões geográficas – já que Mato Grosso tem em sua história um isolamento causado pelo difícil acesso antes da abertura de estradas, em meados de 1930 – cultural local desenvolveu-se com forças próprias e influências diferentes de outras partes do país, originando um linguajar muito específico, hábitos diferenciados e, claro, mesas compostas por misturas e sabores bem característicos.
Edna destaca que, assim, os produtos frescos da terra, de fácil acesso, converteram-se na estrutura dos pratos, sem muitos ‘enfeites’. “Nossos ingredientes fundamentais são coisas simples como tomate, sal, coentro”, exemplifica.
A chef também destaca o sabor agridoce aos pratos cuiabanos, uma característica forte da culinária regional, com receitas salgadas que levam muita banana, por exemplo, ou a mandioca, que também tem um sabor adocicado.
Dos tempos em que Edna, ainda muito moça, aprendia as receitas mais tradicionais com sua mãe, a cuiabaníssima Dona Ninfa – cheia de vivacidade com seus atuais 98 anos – até hoje, muito se perdeu. “Tem muito fast food. As receitas estão ficando guardadas e esquecidas. Não tem de ficar no fundo do baú pra traça comer, não!”, alerta, com receio de que esse traço tão importante da cultura local seja negligenciado.
No entanto, a chef tem andado pelo Estado ministrando algumas oficinas e, felizmente, percebe interesse de alguns jovens pelas tradições dos sabores, o que traz muito ânimo. “A cozinha é o local de entrosamento familiar”, analisa.
Os eleitos
Eleger os principais pratos da gastronomia cuiabana é uma tarefa difícil, já que os candidatos são muitos, e são tão gostosos… Edna selecionou alguns, o que não significa que sejam os melhores, mas sim pratos representativos, que valem a lembrança neste 8 de abril, aniversário de Cuiabá.
Dentre os pratos salgados, para almoço ou janta, existe muita coisa, mas o Pacu, peixe abundante nos rios da região, é o “queridinho”. Ele se destaca por estar presente em uma gama extensa de receitas, como a ventrecha frita, escabeche, pacu assado simples ou recheado (com farofa de couve ou banana), ensopado com mandioca ou banana, e outros. É o “coringa” da gastronomia local.
Para a sobremesa, o doce lembrado pela chef é o Furrundu, iguaria à base de mamão verde ralado, coco, melado de cana e gengibre. “Ele é diferente no preparo e no sabor”, explica.
A bebida que bem representa as tradições cuiabanas para Edna é o Capilé, um xarope feito em casa à base de casca de abacaxi e açúcar, misturado à água gelada e transformando-se em um diferente refresco.
Para um lanchinho da tarde, a chef lembra dos pasteis de carne com azeitona e ovos. “É um pastel comum, mas de sabor muito rico, que era muito consumido há alguns anos, nem tanto hoje”, conta.
A dica para comemorar o feriado de aniversário de Cuiabá, é comer uma boa comida cuiabana, seja em um restaurante da capital ou seja em casa, fazendo aquilo que Edna tanto aprecia na cozinha, que é a reunião daqueles que se gostam em torno de uma gostosa refeição. Bom apetite!
Da Redação – Thalita Araújo