Fonte: CozinhaNet
Estima-se que no Brasil a população feminina na fase do climatério (menopausa – período caracterizado pela diminuição dos níveis de produção do hormônio estrogênio pelos ovários – término da menstruação) esteja em torno de 5 milhões de pessoas.
Esta redução significativa do hormônio estrogênio provoca alteração da elasticidade dos vasos sanguíneos e degeneração progressiva dos tecidos acarretando sintomas como ondas de calor, suor excessivo, insônia, depressão, irritação, osteoporose, falta de lubrificação vaginal ou de apetite sexual.
Normalmente se utiliza a terapia de reposição hormonal (TRH) com estrógeno para reduzir os sintomas imediatos do climatério que seria as ondas de calor e secura vaginal, e para a proteção da mulher contra a osteoporose.
A terapia de reposição hormonal, usada por mulheres na menopausa, ainda é alvo de controvérsias e discussões. Enquanto muitos médicos acreditam que os hormônios aumentam o risco de câncer, principalmente o da mama, outros garantem que o tratamento é importante no combate aos efeitos da queda na produção de estrogênio. Para evitar o câncer de útero, a reposição hormonal deve incluir o progestogênio. Estudos sugerem que após 15 anos de tratamento pode ocorrer aumento de até 30% na incidência de câncer de mama. Portanto, a reposição deve ser individualizada. A TRH melhora a elasticidade da pele, a terapia diminui a incidência de osteoporose e a mortalidade por doença vascular em 50%; evita o ressecamento vaginal e as queixas urinárias, como perda de urina ao menor esforço. Especialistas afirmam que a reposição pode ser feita até o fim da vida.
A reposição hormonal pode ser feita por via oral (comprimidos), injetável, transdérmica (adesivo, gel, cremes e aerossóis), via vaginal (loção e creme) e através de implantes subcutâneos. A reposição oral e injetável é mais comum no Brasil.
As contra-indicações para a reposição hormonal com estrogênio são doenças do fígado e trombose graves e agudas. Com relação ao câncer de mama e de útero, o médico deve avaliar esse risco com a paciente e decidir se vale a pena fazer a terapia. Há vários tratamentos de reposição hormonal que devem ser adequados conforme a fase do climatério (pré, perimenopausa e pós-menopausa), presença ou não de útero e doenças pré-existentes. Pesquisadores disseram há pouco tempo que mulheres que recebem tratamento somente à base de estrogênio após o climatério têm um risco maior de desenvolver câncer de ovário. O estudo segue outros dois divulgados recentemente, que verificaram que o estrogênio em combinação com a progesterona – uma forma um pouco menos comum de terapia de reposição hormonal do que o tratamento feito apenas com estrogênio – não protege a mulher contra problemas cardíacos e pode elevar o risco de câncer de mama, derrame e coágulos.
Nas últimas décadas, cientistas vêm alertando para os riscos e os benefícios da alimentação na saúde das pessoas. Estudos em importantes instituições de pesquisa revelam que, além da herança genética, o meio ambiente e especialmente a alimentação são fator determinante no aparecimento de muitos tipos de doenças.
Hoje, além de nutrir, alguns alimentos trazem outros benefícios para a saúde das pessoas, podendo prevenir e até controlar doenças. Esses alimentos, ricos em componentes ativos, com capacidade para proteger o organismo, passaram a ser chamados de “alimentos funcionais”. O grão da soja está entre os alimentos mais pesquisados no mundo e que melhor se enquadra na categoria de funcional.
No meio da polêmica da TRH (que vem sendo bombardeada por vários estudos) entraram os fitoestrógenos, hormônios naturais presentes nos alimentos, principalmente na soja, que têm a mesma eficácia dos sintéticos, mas sem os seus efeitos colaterais. Ainda não aceitos por todos os médicos, os fitoestrógenos, porém, vêm ganhando cada vez mais espaço.
O fitoestrogênio, ou isoflavona, componente presente na soja, ajuda a diminuir ou talvez mesmo eliminar, os sintomas do climatério, particularmente as ondas de calor. Outros benefícios da soja são diminuir o risco de câncer de mama (na verdade existe muito pouca evidência na literatura, tanto em estudos epidemiológicos quanto em estudos experimentais com animais, comprovando que a soja proteja contra o câncer da mama. Isso não quer dizer que a soja não tenha outras propriedades protetoras, como no caso do coração, mas apenas que ela não parece proteger a mama contra o câncer. Muitos supõem que a genisteína – isoflavona -, que está presente em níveis muito elevado na soja proteja contra o câncer da mama. Na verdade, a genisteína funciona como um pró-estrógeno e não como um antiestrógeno. A sugestão da imprensa popular de que a genisteína, em concentrações encontradas nos alimentos, inibe o desenvolvimento do câncer da mama está simplesmente errada e não tem base em fato científico. As proteínas de derivados de soja aumentaram a proliferação de células normais das mamas de humanos saudáveis, segundo estudos), diminuir o risco de osteoporose (o consumo de proteína animal como carne, frango, peixe e derivados do leite geralmente aumenta a perda de cálcio pelos ossos) e prevenir doenças cardíacas (a soja diminui a tendência de coagulação sanguínea e tem efeitos favoráveis aos vasos sanguíneos).
As isoflavonas, consideradas fitoestrógenos, ou seja, estrógenos de origem vegetal, apresentam propriedades semelhantes ao estrógeno humano, embora com menor efeito, melhorando os sintomas do climatério. Hoje em dia há muitas mulheres utilizando as isoflavonas no lugar de hormônios sintéticos. Há várias pesquisas recentes comprovando a eficácia das isoflavonas na terapia de reposição hormonal. Estas substâncias atuam como estrógenos fracos e funcionam como reguladoras: são capazes de suprir a falta de estrogênio, prevenindo contra o enfraquecimento dos ossos, doenças cardíacas e outros danos do climatério, além de reduzir o excesso desse hormônio, ao competir com ele nos receptores das células. Com isso, inibem o crescimento celular e a proliferação de tumores induzidos pelo estrogênio humano.
Quanto aos efeitos estrogênicos da genisteína (isoflavona), é bom lembrar que essa substância também é uma espécie de xeno-hormônio (tem estrutura molecular diferente do estrogênio humano) que, da mesma forma que os hormônios modificados usados normalmente na terapia de reposição hormonal e nos anticoncepcionais, escreve no DNA uma mensagem diferente daquela esperada pelo organismo – apresentando, assim, os mesmos riscos.
Nem todos os estudos recentes têm confirmado os alegados benefícios dos fitoestrógenos para os sintomas do climatério.
Tampouco os esperados efeitos contra o câncer da mama foram confirmados em todos os estudos. Em ambos os casos ocorreram resultados conflitantes. O que se sabe ao certo (e foi isso que motivou os estudos) é que as mulheres asiáticas, que têm na soja sua base alimentar, praticamente não apresentam os sintomas típicos do climatério sofridos pelas mulheres ocidentais, e que o índice de câncer da mama é cerca de 5 vezes menor que no mundo ocidental.
A soja, assim como qualquer outro alimento deve fazer parte de uma dieta equilibrada. Ela sozinha, porém, não representa uma solução para os problemas do climatério e não deve ser tida como alimento milagroso. Mesmo o consumo em altas doses de derivados de soja repletos de isoflavonas pode suprimir apenas minimamente os sintomas do climatério, para a maioria das mulheres, a intensidade das ondas de calor é reduzida.
Este alimento, porém, possui substâncias que podem ser tóxicas para os humanos, caso não sejam removidas através de processamento especial (deixar a soja de molho antes de cozinhar, fazer um cozimento lento e permitir fermentação) podendo causar sérios problemas de saúde, se ingeridos em demasia. Além de ser um alimento altamente alergênico. É importante lembrar também que o consumo da soja deve ser feito com cautela, principalmente as pessoas que não têm o hábito de consumi-la, este alimento, até que o organismo se adapte pode provocar intensos episódios de diarréia.
Antes de tomar qualquer atitude, as mulheres devem continuar a conversar com seus médicos para saber o que é mais apropriado em seu caso. E lembre-se: antes de começar qualquer tratamento, não importa qual seja, deve-se sempre analisar os aspectos positivos e negativos do mesmo. Só assim, discutindo com o seu médico, vocês chegarão na conduta correta para a sua saúde.
Há estudos ainda que indicam que a soja, ingerida como alimento, não adianta. Teríamos que consumir uma quantidade imensa para sentir os efeitos das isoflavonas. Por isso, há necessidade de tomarmos comprimidos à base de soja, com alta concentração de isoflavona. Alguns médicos acreditam que a soja é benéfica para o alívio de sintomas menores como as ondas de calor. Mas parece que para por aí. Sobram a osteoporose, a depressão, a falta de lubrificação vaginal ou de apetite sexual. Nada melhor do que analisar.