1. DEFINIÇÃO
Distúrbio metabólico, que resulta da deficiência absoluta ou relativa da insulina.
Insulina: Hormônio produzido pelas ilhotas de Langerhans (células beta) do pâncreas, cuja principal ação é permitir a entrada de glicose na maioria das células do organismo, São independentes da insulina as células do cérebro, medula e cristalino.
2. ETIOLOGIA
– Hereditariedade;
– Obesidade: Células adiposas apresentam grande resistência à ação da insulina;
– Deficiência de receptores nas células para a insulina;
– Presença de anticorpos anti-insulina, reduzindo a quantidade de insulina ativa, secundária à pancreatite. (“Inflamação no pâncreas”)
3. CLASSIFICAÇÃO
Segundo a Nacional Diabetes Group, 1995.
3.1 DIABETES TIPO 1
As pessoas geralmente são magras, tem início brusco dos sintomas antes dos 30 anos ou qualquer outra idade anterior e são dependentes de insulina exógena. O pico de incidência é entre 10 e 12 anos para meninas e 12 e 14 anos para meninos. Na fase que antecede a diagnóstico, o pâncreas tem as células beta destruídas gradualmente.
A etiologia do IDDM (Diabetes Mellitus Insulino-Dependente) é predisposição genética e destruição imunológica.
Após o diagnóstico e a correção da hiperglicemia, geralmente a secreção de insulina endógena é recuperada (lua-de-mel), diminuindo drasticamente a necessidade de insulina exógena por um período de aproximadamente um ano.
Entretanto, a necessidade por reposição crescente de insulina é inevitável e dentro de 8 a 10 anos após o diagnóstico a perda das células beta é total e a deficiência de insulina é absoluta.
3.2 DIABETES TIPO 2
Manifesta-se geralmente em pessoas obesas ou não, sedentárias, de idade avançada, com antecedentes genéticos e de diabetes gestacional, com diagnóstico após os 30 anos. Estes indivíduos não dependem da insulina, mas necessitam de um controle glicêmico adequado. No geral, o diabético Tipo 2, está associado a defeitos na secreção e ação da insulina.
Os níveis de insulina endógena podem ser normais, diminuídos ou elevados, mas inadequados para superar a resistência tecidual à insulina, e como resultado ocorre a hiperglicemia.
Os indivíduos Tipo 2, podem ou não desenvolver os sintomas clássicos como polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso e não são sujeitos a desenvolver cetoacidose, exceto em crises severas.
3.3 DIABETES MELITUS GESTACIONAL (DMG)
Define-se como qualquer grau de intolerância à glicose, com inicio ou identificação durante a gravidez, geralmente durante o 2º ou 3º trimestre. Neste ponto os hormônios antagônicos à insulina aumentam, provocando resistência à ação da mesma.
Após o parto, a glicose retorna ao normal, mas estudos da American Diabetes Association, 1999, sugerem que 40% das mulheres com DMG, posteriormente desenvolvem diabetes Tipo 2.
Observações: Hormônios antagônicos à insulina
– Glucagon;
– Hormônio do crescimento;
– Cortisol;
– Epinefrina;
– Norepinefrina;
3.4 HOMEOSTASIA DEFICIENTE DA GLICOSE
É um estágio novo, chamado também de glicose deficiente de jejum (GDJ), correspondente a um nível de glicose plasmática do jejum (GPJ) superior ou equivalente a 100mg/dl, mas inferior a 200mg/dl (de sangue);
Embora nem a glicose deficiente de jejum (GDJ) nem a tolerância deficiente de glicose (TDG) sejam classificações clínicas para o diabetes, ambas são fatores de risco para diabetes e doença cardiovascular no futuro.
3.5 DIABETES INSÍPIDOS
Alteração na glândula pituitária, que leva a insuficiência de um de seis hormônios, vasopressina ou ADH ou hormônio antidiurético. Caracteriza-se pelo surgimento de sintomas clássicos da diabetes, uma produção abundante de urina, sede intensa e às vezes intenso apetite. Não há nenhum distúrbio metabólico referente à glicose e, portanto, nesse caso o paciente não precisa suspender o consumo de sacarose.
4. TRATAMENTO
4.1 INSULINA
Indicação para o Tipo 1, por questão de sobrevivência, no controle da glicemia. Quando ao Tipo 2, abrange falha no controle glicêmico, adequação com medicações, infecções, cirurgias ou reações sérias às sulfoniluréias.
O mecanismo de ação, a concentração, pureza e origem da insulina determinam o início, pico e tempo de duração da ação.
4.1.1 LISPRO E REGULAR: são de curta duração, fornecem reforço de insulina para abranger a refeição a ser ingerida;
– Lispro: Tomada imediatamente antes da refeição;
– Regular: tomada 30 a 45 minutos antes da refeição;
Ambas podem ser combinadas com insulina de ação intermediária ou secundária ou independentemente.
4.1.2 NPH E LENTE: ação intermediária ou secundária. São turvas, início, pico e duração semelhantes;
4.1.3 ULTRALENTE: ação prolongada, ligeiramente maior que as insulinas de ação intermediária.
4.1.4 PRÉ-MISTURADAS: curta ação e secundária
– 70/30: 70% NPH e 30% regular;
– 50/50: 50% NPH E 50% regular;
4.2 HIPOGLICEMIANTES ORAIS
As sulfoniluréias são medicações que estimulam as células beta a liberar mais insulina. Utilizadas por longos períodos, podem cansar as células, além de gerarem ganho de peso e a ocorrência de hipoglicemia.
Atualmente há novos hipoglicemiantes não sulfaniluréias no mercado. Devem ser tomados antes das refeições, pois tem início rápido de curta duração, diminuindo o risco de hipoglicemia entre as refeições.
AÇÕES DOS DIFERENTES TIPO DE INSULINA
4.3 EXERCÍCIOS FÍSICOS
Melhoram a sensibilidade à insulina, ajudam a controlar o peso e diminuem os fatores de risco às cardiopatias.
4.4 DIETA: para todos os tipos de diabetes;
Objetos:
– Recuperar e/ou manter o peso ideal, evitando obesidade;
– Manter um bom estado nutricional;
– Evitar a hiperglicemia;
– Adaptar-se aos hábitos alimentos do paciente (individualizado);
Determinar o VET (Valor Energético Total), segundo o método adotado:
– Fixar as necessidades nutricionais;
– Fixar as % energéticas em: hidratos de carbono 50 a 60%; proteínas 10 a 20%;
– Lipídeos em 20 a 30% aproximadamente;
– No mínimo 4 refeições, não omitindo nenhuma;
Exemplo: número de refeições e parcelas do VET:
OBSERVAÇÕES: a adequada distribuição energética é importante, para evitar flutuação glicêmica (hipo ou hiperglicemia);
– Proteínas: 0,8 a 1,0g/kg PT ou 10 a 20% do VET;
– Lipídeos: 20 a 30% do VET, com ênfase aos ácidos graxos insaturados de origem vegetal (azeites e óleos), menos de 10% de gorduras saturadas (gorduras de origem animal, manteiga e margarina) e menos que 300mg de colesterol (presente em gorduras de origem animal);
– Hidratos de carbono: normal, ou seja 50 a 60% do VET, com ênfase àqueles complexos, como o amido, e limitando os simples, como do leite, frutas, etc., substituindo a sacarose por edulcorantes artificiais;
– Fibras: rica em fibras, pois retardam a absorção da glicose. Recomenda-se a ingestão diária de 20 a 35g;
– Frutas: fonte de hidratos de carbono simples, não devem ser ingeridas isoladamente, mas sim combinadas nas refeições, uma porção por vez (aproximadamente 100g). Preferir refrescos, evitando sucos, cuja concentração corresponde geralmente a mais de uma porção; Sugere-se adicionar cereais ricos em fibras, como cereais matinais diet, granola diet, aveia, etc.
Orientar a leitura de rótulo, para confirmar a ausência de sacarose, pois nem todo diet é isento de açúcar;
Diagnóstico do diabetes melito e homeostasia deficiente da glicose.
(Report of Expert Committee on the Diagnosis and Classifications of Diabetes Mellitus. Diabetes Care 20:1183, 1997). *GPJ = glicose plasmática do jejum; **GPC = glicose plasmática casual; ***2h GP = nível de glicose plasmática em 2h (medido 2h após um teste de tolerância à glicose oral com administração de 75g de glicose).
5. CONSEQUÊNCIAS DO DIABETES NÃO CONTROLADO
– Desequilíbrio de fluidos e eletrólitos;
– Acidose (cetoacidose), devido à mobilização de tecido adiposo e muscular para obtenção de energia;
– Coma.
5.1 COMPLICAÇÕES DO DIABÉTES NÃO CONTROLADO
– Nefropatia: doença dos rins, néfrons, que pode conduzir à insuficiência renal crônica;
– Neuropatia: alterações patológicas ou funcionais do Sistema Nervoso Periférico, afetando principalmente os nervos das pernas, caracterizada por entorpecimento decorrente do dano sensorial, perda de reflexos dos tendões, dor forte, fraqueza e desgaste muscular;
– Retinopatia: doença não inflamatória da retina, caracterizada por hemorragias, exsudação graxo-amarelada, manchas tipo algodão, etc., cuja complicação pode provocar descolamento de retina e cegueira;
Além das complicações descritas acima, a incidência de doenças das coronárias em pessoas com diabetes é quatro vezes maior quando comparadas com população não diabética; também as doenças vasculares periféricas (problemas de circulação interna, edema, etc.) têm uma freqüência quarenta vezes maior.
Fonte: CozinhaNet